Cavalos selvagens na pradaria

Os conquistadores espanhóis deixaram escapar seus cavalos, a partir de 1500. Deram a eles a liberdade no paraíso da América selvagem. Mas esse paraíso está cada vez mais difícil para a sobrevivência dos mustangs. Eles ainda fazem parte da paisagem dos Estados Unidos, vagam em pequenos bandos. Liderados por garanhões, se misturaram a outras raças de cavalos fugitivos, como appaloosas e puros–sangues. Os cavalos selvagens se tornaram uma raça resistente. Seu território atualmente é restrito. Continue lendo para saber a verdade sobre a gestão dos cavalos selvagens americanos.

“Um cavalo não corre tão rápido como quando ele tem outros cavalos para seguir e ultrapassar.” Ovídio.

Cavalos selvagens americanos

A palavra mustang deriva do termo espanhol “ustengo”, que quer dizer “cavalo sem dono”. Os mustangs americanos são um símbolo de liberdade e da conquista das fronteiras do oeste selvagem. São mamíferos ágeis e atléticos, podem viajar mais de 20 milhas por dia, incluindo terrenos acidentados. Suportam diferentes tipos de climas. Entre seus predadores, estão o urso preto e o leão da montanha.

Simbolos do oeste selvagem

Os cavalos selvagens podem ser encontrados em praticamente todas as cores conhecidas de equinos. A maior população se concentra no estado de Nevada, nas planícies e pradarias onde existe alimento abundante. São herbívoros, se alimentam de uma grande variedade de gramíneas. Bebem água em lagos e riachos, quando disponível, duas vezes por dia.

Com o desenvolvimento da America e a ampliação das fronteiras metropolitanas e rurais, o cavalos selvagens estão em risco. Enfrentam condições difíceis para sua sobrevivência, considerando a crise do meio ambiente. Atualmente, 51.000 cavalos estão em cativeiro, com risco de execução. Existe um debate sobre a necessidade urgente de reestruturação das políticas sociais e governamentais. Uma nova tradição de tolerância, não violência e colaboração.

O Congresso dos Estados Unidos reconheceu que os cavalos selvagens são símbolos vivos da história e do espírito pioneiro do Oeste, que devem ser preservados.  Eles continuam a contribuir para a diversidade de formas de vida. Muitas tropas se misturaram, enquanto outras mantém suas características ibéricas originais.

Cavalos na pradaria

Gestão controversa

Atualmente, o Bureau of Land Management (BLM) é o órgão responsável por fazer cumprir a legislação de proteção dos cavalos selvagens, aprovada em 1971.

Existe muita polêmica em torno do manejo dos mustangs pelo BLM, que gerencia conflitos. Esses conflitos existem entre os que querem os mustangs livres, fazendeiros e criadores que engordam o seu gado em terras públicas. Para esses criadores, os cavalos selvagens são concorrentes, disputando o pasto com seu gado. As políticas do BLM reduziram a área originalmente designada para os mustangs, em 1971.

Existe atualmente, algo em torno de 35.000 cavalos selvagens. Esses cavalos vagam em uma área de 27 milhões de acres, que o governo federal reservou para eles. Paralelamente, milhões de cabeças de gado, pastam em 245 milhões de acres de terras públicas. Esse gado invade a área delimitada para os mustangs, que vivem entre o Arizona, Califórnia, Colorado, Idaho, Montana, Nevada, Novo México, Oregon, Utah e Wyoming.

Cavalos selvagens e impacto ambiental

Existe 50 cabeças de gado para cada cavalo selvagem que pastam em terras públicas, nos Estados Unidos. A pastagem de gado em terras públicas é bancada pelos contribuintes, que pagam em torno de USD 122 milhões por ano. Vale ainda dizer que a porcentagem do fornecimento de carne bovina, pelo gado que pasta em terras públicas é da ordem de 3%.

O impacto ambiental causado pelo gado é considerado bem maior que o causado pelos mustangs. Eles vagueiam mais longe das fontes de água. Já o gado, pasta a aproximadamente 1 milha das fontes de água. Causam erosão, deterioram e contaminam as fontes e a vegetação circundante. Os mustangs, muitas vezes, não tem acesso às fontes de água. O BLM disponibiliza recursos forrageiros para o gado privado, prioritariamente.

“Um cavalo ama a liberdade, um cavalo velho de trabalho vai rolar no chão e sair a galope, quando for solto em campo aberto”.  Gerald Rafferty

Mustangs livres

A insatisfação dos defensores dos cavalos selvagens livres, gira em torno das más condições em que vivem. Pouco pasto, acesso restrito à água, exploração, execução e maus tratos. A gestão do BLM é focada na retirada de cavalos de circulação, rodeios, remoção e retenção de cavalos, para exploração. Apenas 16% do orçamento é usado para manter os cavalos livres em seu ambiente natural. Denúncias sugerem de que a maioria dos cavalos capturados acabam em matadouros no Canadá e no México. Atualmente, novas regras determinam que apenas 4 cavalos podem ser adotados por um único indivíduo, dentro de um período de 6 meses.

O BLM atualmente responde dois processos federais sobre seu esforço em controlar a população. Estabeleceu um programa de esterilização de cavalos selvagens em seus currais em Hines. Recentemente, a American Wild Horse Preservation Campaign e The Cloud Foundation entraram com ação conjunta contra o BLM, no Tribunal Distrital dos Estados Unidos, em Oregon. A alegação é que o BLM violou direitos ao rejeitar pedidos para observar e documentar procedimentos de esterilização em seus currais. As duas organizações questionam os métodos adotados pelo BLM na esterilização dos mustangs. Outra instituição, a Friend of Animals também entrou com processo recentemente contra o BLM. A acusação é de violar leis federais com o uso de procedimentos cruéis, como ferir e matar cavalos selvagens.

“Os cavalos selvagens americanos remanescentes estão sob ataque agressivo e estão rapidamente desaparecendo sob a gestão do governo. Suas áreas selvagens foram invadidas”. Zoe Helene.

Soluções viáveis

Depois de uma ampla avaliação, a National Academy of Science (NAS) divulgou relatório mostrando a ineficiência da gestão dos rebanhos selvagens, pelo BLM. A NAS sugere uma abordagem mais viável do ponto de vista econômico, dentro de uma visão ecologicamente saudável para essas populações de mustangs.

Soluções para uma gestão mais humana, está sendo proposta, para tirar a carga do contribuinte, na manutenção dos cavalos selvagens. Entre essas soluções, está a estabilização dos rebanhos, colocando limites naturais e permitindo que predadores como o puma sejam inseridos nos eco sistemas. Um modelo auto-regulado já existe, como o rebanho de Montgomery Pass. Esse rebanho sobrevive livre com gestão mínima e o controle de fertilidade com a vacina PZP, contraceptivo aprovado pela Humane Society.

Outra proposta é o incentivo ao ecoturismo, considerando que os mustangs são um grande atrativo para os turistas de todo o mundo. Excursões guiadas podem trazer renda de forma constante para a manutenção das áreas de suas reservas. Trabalhar a conscientização dos fazendeiros, para que os mustangs possam ter acesso a recursos. Entre esses recursos, estão pastos e água, na mesma qualidade e quantidade que o gado livre.

Cavalos na neve

Controle populacional dos cavalos selvagens

American Wild Horse Preservation Campaign, recolheu muitas informações a respeito da situação dos mustangs livres, e trabalha no intuito de proteger essa raça icônica.

Um estudo publicado pela Science Magazine, sugere que a manutenção dos cavalos selvagens poderia custar USD 1,1 bilhões nos próximos 17 anos. Quando uma espécie selvagem fica fora de controle, a solução é permitir sua caça. Com os cavalos essa solução é mais difícil, considerando que o americano não tem o hábito de consumir carne de cavalo.

Atualmente, foram identificados traços de carne de cavalo em hamburguers, em alguns supermercados americanos e ingleses, o que causou um grande alvoroço. Existe um movimento atualmente pela abertura dos matadouros nacionais regulamentados. Muitas fazendas recebem cavalos selvagens, mas sua população cresce em torno de 15 a 20% por ano. Os defensores do controle alegam que os Estados Unidos poderiam se encontrar em situação semelhante à da Austrália, que tem atualmente uma população de 400.000 cavalos selvagens.

Robert Garrott, co-autor do estudo publicado na Revista Science, diz que “Precisamos saber o que é ético e o que iremos fazer. O pior cenário é não fazermos nada. Não fazer nada pode resultar em uma decisão muito mais difícil, no futuro.”

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