Incorporando a Complexidade

Desenvolvimento sustentável é um conceito fundamental, considerando a superpopulação mundial, hoje em torno de 7,2 bilhões de habitantes. A população mundial aumentou dez vezes, desde a revolução industrial. Sabemos que bilhões se somarão ainda aos números atuais, no século 21. O acúmulo da riqueza nas mãos de poucos, e a pobreza extrema de parte da população, entre muitos outros fatores, produz desafios ambientais cada vez mais severos.

A compreensão da relação dos fatores econômicos, sociais, ambientais, políticos e culturais é um caminho para estabelecer metas para um mundo superlotado. A equalização desses fatores pode ser a chave para evitar a crescente devastação do planeta. A complexidade não só precisa ser aceita mas incorporada. Essa teia complexa e interconectada das relações econômicas a nível mundial. Ligando pessoas, empresas, tecnologias, comércio, finanças, sistemas produtivos, a terra, o ar e a água doce ainda disponível. Essa situação sem precedentes na história do homem é o grande desafio dessa e das próximas gerações. Podemos fazer algo que melhore a situação do planeta e dos seres que aqui vivem, a partir do entendimento dessa complexidade.

Progresso Sem Devastação

O crescimento econômico traz prosperidade material, aumento da renda per capita, saúde e aumento na expectativa de vida em algumas regiões do mundo. E, é claro, para uma parte da população, a maioria não usufrui desse progresso. A população mundial cresce em ritmo acelerado, já somos mais de 7 bilhões de pessoas e por volta de 2025, somaremos mais um bilhão a esses números. Necessitamos de uma maior e melhor produção de alimentos, produtos, transporte e energia. Como progredir sem devastar?

Muitas regiões do mundo experimentam nesse momento uma aceleração na transição da economia rural de subsistência para a moderna economia urbana de serviços. O campo vai sendo tomado pelas máquinas, pelas monoculturas, pela pecuária. Essa transição devasta a vegetação nativa, o solo e nossos mananciais com práticas nada saudáveis para o planeta. Até quando iremos ouvir o argumento de que as monoculturas são inevitáveis e o único caminho?

População Humana, Um Gráfico Ascendente

Do início da agricultura até a revolução industrial, a população humana chegou perto de 1 bilhão de pessoas.  Após a revolução industrial, o gráfico de crescimento da população humana começa a subir rapidamente. Cresceu 1 bilhão no século XIX. Entre 1930 e 1960 cresceu mais 1 bilhão. Algumas projeções indicam que chegaremos a 9 bilhões até 2040. O impacto gerado por esse crescimento é o grande desafio do desenvolvimento sustentável.

Em contrapartida, o crescimento econômico e populacional proporcionou melhorias na saúde. Diminuiu significativamente a mortalidade infantil e aumentou nossa expectativa de vida. Nos anos 1950 vivíamos em média 47 anos. Hoje vivemos 70 anos em média e 80 anos nos países com renda mais  alta.

Crescimento Econômico Inclusivo e Desenvolvimento Sustentável

O progresso pode eliminar a biodiversidade, comprometer a produção de alimentos, alterar o clima e poluir até o ponto crítico, dentro do modelo atual? Muitos acreditam que sim, que precisamos de um novo modelo, de crescimento econômico inclusivo.

De um modelo de produção agrícola descentralizado, feito em pequena escala, em todos os lugares possíveis. Que todos plantem, que reproduzam e valorizem as espécies crioulas, adaptadas aos vários locais onde ainda existem . Um modelo que possibilite interação com a vida, onde tirar dinheiro da terra não seja o foco e sim produzir alimentos saudáveis. Um modelo que não exclua a grande maioria da população dos países pobres. Essas populações precisam queimar toneladas de lixo para se aquecer, como ocorre na Ásia.

Para um desenvolvimento sustentável, precisamos cuidar não só das populações humanas, mas da vida como um todo. Essa vida é completamente interligada e a sobrevivência da espécie humana depende da sobrevivência de toda a vida existente no planeta. Se eliminamos essa vida, a riqueza que foi acumulada perde o sentido. A própria sobrevivência do homem estará em cheque.

Pobreza e Fartura

O número de pessoas que vivem em pobreza extrema chega a 2 bilhões  em todo o mundo. Essa larga faixa da população não consegue suprir suas necessidades básicas. Não tem renda adequada, serviços médicos, água potável, eletricidade, saneamento e educação. A metade dessas pessoas, ou seja, 1 bilhão de seres humanos, luta diariamente pela sua sobrevivência, em várias partes do mundo. Podemos excluir países como os Estados Unidos, Canadá, a parte ocidental da Europa, Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul e Japão. Esses países tem um nível de renda mais alto e em muitos deles, a pobreza foi eliminada.

A pobreza se concentra em áreas como a África tropical e o sul da Ásia. Em países como a Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh e outros, larga faixa da população enfrenta riscos à sua sobrevivência, vivendo em meio  à violência, epidemias, terrorismo e tragédias ambientais. No Brasil, temos ainda enormes bolsões de pobreza, com populações vivendo em favelas e em condições precárias. Estão concentradas na periferia das grandes cidades e áreas rurais. A pobreza permeia o mundo de fartura.

Desenvolvimento Sustentável e Devastação

O efeito da estrutura física da produção econômica e do crescimento humano no planeta constitui uma grande ameaça à nossa sobrevivência. Essas estruturas ameaçam o clima, a água, o ar que respiramos, os oceanos. Isso está nos levando aos cada vez mais frequentes desastres, dentro da  crise ambiental. O impacto dessa crise será sentida por todas as populações, por ricos e pobres.

O desastre do  impacto da era humana no planeta é visível com as alterações no clima, o derretimento de geleiras, o aumento da acidez dos oceanos. Isso está ocorrendo principalmente pelo uso intensivo de gás natural, de carvão e do petróleo, os chamados combustíveis fósseis. Isso provoca concentração de dióxido de carbono na atmosfera em níveis nunca vistos no planeta. Outras práticas contribuem para o quadro, como a forma que usamos a água, o uso intensivo de fertilizantes nitrogenados pela agricultura mecanizada que acidifica os oceanos e altera o ciclo do nitrogênio. O avanço das fronteiras do desmatamento para produção de pasto, monoculturas e como forma de valorização da terra. Já nos encontramos fora de nossos limites operacionais seguros?

Entendimento Para a Sustentabilidade Ambiental

Precisamos de um maior entendimento desses riscos que estamos correndo, como humanidade. Necessitamos de ações que nos mantenha dentro de limites operacionais seguros. Eis o grande objetivo da ciência do desenvolvimento sustentável. Precisamos combinar de forma harmônica crescimento econômico e inclusão social. Produção de alimentos, erradicação da pobreza e sustentabilidade ambiental.

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