O poder curativo da natureza

Desde a antiguidade, as ervas medicinais são usadas no tratamento de doenças e distúrbios do organismo humano. Hipócrates prescrevia as ervas em seus tratamentos. Animais, quando na natureza, instintivamente procuram as ervas para se curarem ou se alimentarem. Muito do conhecimento ancestral se perdeu por desuso. As ervas medicinais foram esquecidas durante muito tempo, tratadas como crendice e superstição. Continue lendo para conhecer um pouco mais sobre o poder curativo da natureza.

“Tudo o que o homem precisa para a saúde e cura foi fornecido por Deus na natureza. O desafio da ciência é encontrá-los.” Paracelso.

Ervas medicinais secas

Recentemente as ervas medicinais estão sendo reabilitadas pelo maior conhecimento de seus elementos, princípios ativos e virtudes terapêuticas mostradas nas pesquisas científicas. Os efeitos colaterais das drogas químicas, largamente usadas pelos homens na atualidade também é um motivo pelo qual cada vez mais pessoas estão procurando tratamentos naturais com o uso das ervas medicinais.

As ervas podem ser utilizadas para combater muitos males. Porém seu uso deve ser orientado, de preferência, por um médico fito terapeuta, com alguns cuidados básicos.

Cuidados

Verifique primeiramente, se a erva que você vai preparar possui algum traço de mofo. Se estiver mofada, deve ser descartada. Ervas medicinais são armazenadas em recipientes de vidro ou porcelana. O plástico não deve ser usado para guardar ervas. Separe sempre raízes, cascas e sementes das flores e folhas.

Uma regra geral para proporção de água e ervas medicinais: para cada litro de água, use quatro colheres de sopa de ervas frescas ou duas colheres de ervas secas. Adultos podem tomar quatro a cinco xícaras do preparado por dia, jovens de três a quatro. Crianças de dois a dez anos, duas xícaras, crianças de meio a dois anos, meia a uma xícara. Use um chá mais forte para gargarejos, inalações, compressas e uso externo. Chás devem ser preparados em utensílios de barro, louça ou cobre.

Ervas medicinais preparadas

Formas básicas de preparo das ervas medicinais
Tisana

A erva é colocada em água fervente e cozida por cerca de cinco minutos com a panela tampada. Deixe descansar por dez minutos, mantendo a panela tampada. Coe e use.

Infusão

Despeje água fervente sobre a erva. Tampe e deixe descansar por dez minutos. Coe e use. Esse método é para folhas e flores.

Decocção

Cozinhe a erva de quinze a trinta minutos. Coe e sirva. A decocção é usada para raízes, cascas e sementes.

Maceração

A erva fica de molho na água fria por vinte e quatro horas. Coe e use, sem levar ao fogo. Esse método preserva mais as vitaminas e sais minerais.

Chás fazem melhor efeito quando tomados em jejum ou antes de dormir. Não deixe colheres dentro do seu chá. Chás não devem ser reaproveitados ou guardados para o dia seguinte pois fermentam e sua química é alterada. O uso do mesmo chá dias seguidos diminui seu poder curativo. Refaça o chá, tomando sempre fresco.

Experimente uma erva de cada vez e tome pequenas quantidades no início depois vá aumentando até a dosagem indicada. Diferentes ervas podem ser combinadas com prévio conhecimento dos efeitos. Busque conhecimento sobre o assunto antes de fazer uso das ervas medicinais.

Observe seu organismo, como se sente com o uso do chá? Busque orientação médica para usar as ervas medicinais da maneira adequada. Use a erva certa, na dose certa para reequilibrar a sua saúde.

“Uma das maiores tragédias da civilização humana foi a substituição dos alimentos e remédios naturais pelos químicos”  Dr. Real Lee.

Cultivo e uso de 4 ervas medicinais
1 – Confrei

O confrei  (Symphytum officinale) é uma planta rústica de fácil cultivo, nativo das regiões frias da Europa e Ásia. Chega a ficar com 80 centímetros de altura, dependendo das condições climáticas e disponibilidade de nutrientes no solo. Produz grande quantidade de folhas compridas de formato ovalado, aveludadas e pontudas na extremidade. Suas flores podem ser brancas, lilases ou amareladas. Suas raízes são compridas e grossas.

Confrei

Planta muito pesquisada nas últimas décadas por seus poderes curativos, alguns testados e aprovados. Existem muitas recomendações sobre a moderação no uso do confrei. Se de um lado produz bons resultados como remédio natural, em excesso pode trazer problemas para a saúde.

Múltiplos usos do confrei

É um excelente cicatrizante e anti-inflamatório, desinfetante de feridas, purificador do sangue, além de auxiliar na consolidação de fraturas. Seu chá, feito das folhas e suas raízes são usadas no tratamento das hepatites, reumatismo, úlceras gástricas, tuberculose e problemas de pele.

Há um vasto leque de produtos feitos à base da planta disponíveis. Esses produtos incluem sabonetes, loções, tônicos e cremes que são usados no tratamento de espinhas e manchas da pele. Folhas frescas podem ser usadas, em pequenas quantidades nos sucos, saladas, cruas ou aferventadas. Possui 30% de proteínas e é usado ainda na composição de rações para a alimentação animal.

Plantação de Confrei

Orientações para cultivo do confrei

As plantas medicinais possuem muitas substâncias químicas desconhecidas da ciência, que não foram testadas e nem aprovadas. Algumas dessas substâncias podem ser inadequadas, na medida em que auxiliam na cura de um mal, podem provocar outro, ainda maior.

É uma planta de clima temperado e frio que tolera também climas quentes e resiste a secas e geadas. Gosta de umidade sem encharcamento, o que provoca o apodrecimento de suas raízes. Prefere os solos areno argilosos com baixa acidez, drenados, profundos e ricos em matéria orgânica. Pode ser plantado de agosto a novembro ou durante todo o ano, mantendo a umidade e a temperatura amena. Adubações periódicas podem ser feitas para uma melhor produção de folhas, com esterco bem curtido, composto, húmus ou adubos orgânicos líquidos.

Faça covas com espaçamento de 80 por 60 centímetros. Mudas podem ser obtidas a partir de plantas adultas, dividindo as touceiras ou fazendo estacas de 5 centímetros de suas raízes. Essas estacas devem ser enraizadas em viveiro antes do plantio definitivo nos canteiros.

Tratos Culturais

Controle o mato em volta das plantas com capinas periódicas. Deixe alguma vegetação natural em volta para que sua cultura não seja a única fonte de alimento na área, para os insetos. Deixe sempre faixas ou cantos sem roçar, esse é um dos segredos para preservar sua cultura do ataque das ditas pragas e doenças.

Mantenha a umidade, regando com moderação para evitar a formação de poças e encharcamento. Faça poda nas folhas velhas, mantendo a planta limpa. Deixe as folhas podadas em volta das plantas, produzindo uma cobertura morta que irá proteger o solo e também disponibilizar nutrientes.

As folhas podem ser colhidas a partir do segundo mês após o plantio, com cerca de 20 centímetros de comprimento. Podem ser cortadas durante boa parte do ano. Resiste a poda total, rebrotando cerca de 2 meses depois.

“O médico do futuro não prescreverá nenhum remédio, mas fará despertar o interesse de seus pacientes nos cuidados com o corpo humano, com a dieta e com a causa e prevenção da doença.” – Thomas Edison.

2 – Alecrim

O alecrim (Rosmarinus Officinalis) é uma erva medicinal e aromática, como a sálvia, tomilho e manjericão. A planta vive muitos anos, com porte entre 50 centímetros e 2 metros de altura, dependendo das condições do solo e umidade. Suas folhas são verde-escuras de um lado e esbranquiçadas do outro, estreitas, em forma de agulha. Floresce em todas as estações e é originário das terras ao redor do Mediterrâneo. Essa erva aromática é usada desde a Grécia antiga e foi trazida para o cone sul pelos portugueses. O nome alecrim significa orvalho do mar.

Usos e propriedades do alecrim

Muito usada como chá, tempero e condimento para sopas, tem importante papel na digestão dos alimentos. Suas folhas trituradas são usadas em molhos e saladas. Como chá tem uma ação fortificante e aquece o organismo. Possui um gosto ligeiramente amargo, sendo considerado fortificante do aparelho digestivo, além de combater diabetes e possuir propriedades anti-reumáticas. Ativa as funções do pâncreas e é estimulante da circulação.

Alecrim possui carnosol, considerado um importante composto anticâncer. Melhora a memória e é usado no tratamento de enxaquecas, no alívio das dores, possui propriedades anti-inflamatórias e fortifica o sistema imunológico.

A planta desenvolve-se melhor em locais secos, com muito sol. Não se dá bem com o frio e ventos fontes. Não é exigente quanto ao solo, preferindo os arenosos e férteis, com baixa acidez e bem drenados.

Como multiplicar o alecrim

Se plantado por sementes, tem seu crescimento vagaroso. Melhor opção é fazer muda a partir de estacas do caule ou mergulhia, quando não for possível adquirir as mudas prontas. Para fazer as mudas a partir das estacas, corte um ramo de aproximadamente 20 centímetros, deixando algumas folhas na parte de cima e enterre cerca de 10 centímetros, na sombra. Cuide das regas que ele brotará a partir de 30 dias de plantado.

A mergulhia pode ser feita a partir de uma planta adulta. Escolha um ramo que possa ser curvar até o chão. No ponto que o ramo possa encostar na terra, sem se quebrar da planta mãe. Cubra com terra essa parte do ramo, mantenha úmido e aguarde o enraizamento. O ramo pode ser preso com uma forquilha, haste de ferro ou outro recurso que o mantenha junto ao solo. Um ano depois pode ser cortado e plantado com as raízes.

Plantio e colheita

Faça uma cova, substituindo a terra por composto orgânico bem adubado e mantenha a umidade até que a planta inicie a brotação. Regue a planta com moderação, na época da seca. Faça capinas periódicas para evitar que outras plantas abafem e retirem nutrientes disponíveis na cova do alecrim.

A colheita pode ser feita, cortando um ou mais ramos, sem desfolhar toda a planta. Para guardar os ramos, pendure de cabeça para baixo em local sombreado, seco e ventilado. É considerado repelente de pragas pelo odor que exala no ambiente da horta ou jardim.

“Um homem sábio deve perceber que a saúde é o seu bem mais valioso.” Hipocrates

3 – Carqueja

Cientificamente conhecida como Baccharis trimera, a carqueja é uma planta rústica de clima tropical com inúmeras propriedades medicinais. Muitas vezes considerada uma erva daninha, por nascer e se desenvolver bem em vários tipos de solos, a verdade é que gosta de sol pleno e solos férteis. Pode ser multiplicada por divisão de touceiras, por sementes ou por estacas lenhosas do seu caule. É muito fácil cultivar a carqueja. Coloque uma muda em um canto e algum tempo depois ela se transformará em uma grande moita. As mesmas orientações dadas para o cultivo do confrei e do alecrim podem ser usadas para a carqueja.

Suas propriedades medicinais são muitas. Entre elas, auxiliar na perda de peso e cicatrizante.  É também usada para desintoxicação do organismo e tratamento do diabetes. Também é muito conhecida como remédio para os problemas do fígado, rins, estômago e alergias. Elimina parasitas, melhora a circulação e é usada como afrodisíaco.

Muito conhecida por ser uma das ervas medicinais mais amargas e difíceis de ingerir, a carqueja é usada para uma infinidade de males. Na sua composição encontram-se  alcaloides, flavonas, saponinas e compostos fenólicos.

4 – Hortelã

Hortelã, também conhecido como Mentha spp é uma planta aromática, parente do tomilho, poejo, alecrim, manjericão, melissa, alfavaca, manjerona e orégano. Originária da Europa e Ásia, é cultivada há milênios pelos antigos egípcios, gregos e romanos, que a usavam para a confecção de coroas. A planta era considerada o símbolo do amor por suas propriedades estimulantes, energéticas e afrodisíacas. Possui mais de 20 variedades como a hortelã de cheiro, hortelã crespa e hortelã pimenta.

Propriedades

Tem bons teores das vitaminas A, B e C, além de minerais como cálcio, ferro, fósforo e potássio. Possui o mentol, substância com grandes propriedades antiespasmódicas, calmantes, tônicas e antissépticas que aliviam as cólicas. O mentol usado na indústria é bem menos potente que o encontrado diretamente nas folhas da hortelã. Suas folhas são muito usadas como tempero em saladas, molhos e chás. Refresca qualquer suco e também bebidas alcoólicas. Seu chá possui inúmeras indicações como o combate a formação de gases, má digestão, cálculos na vesícula, vômito e icterícia.

Favorece a limpeza dos pulmões e vias aéreas, impedindo a formação de mais mucos, sendo excelente remédio para a laringite. É indicado também para a eliminação de vermes e aumento da produção de leite materno, além de reduzir as cólicas biliares e intestinais. O chá é também usado como calmante. Da hortelã é extraído um óleo amplamente usado na indústria de alimentos, remédios e cosméticos. Para retirar o odor forte de qualquer alimento, como a cebola crua, é só mastigar algumas folhinhas de hortelã para renovar o hálito.

Clima e solo

A hortelã não é exigente quanto ao clima, se desenvolve bem em locais sombreados. Gosta de solos fofos ricos em matéria orgânica. O período chuvoso é o mais indicado para o plantio.

Mudas, tratos e colheita do hortelã

Pode ser facilmente reproduzido a partir de ramas enraizadas ou partes da touceira. Prepare a terra e faça pequenas covas com a colher de mudas, enterre 3 a 5 ramas enraizadas em cada cova. Pode também ser plantada por sementes na cova definitiva. O espaçamento ideal é 30 x 30 centímetros entre covas. É uma planta rústica e pode ser cultivada também em vasos. Regas freqüentes para manter o solo úmido. Afofe a terra com um garfo para que fique mais aerada. Aplique composto em adubação de cobertura periodicamente. Retire os ramos cheios de folhas de acordo com a necessidade. A planta produz por muitos anos, mesmo assim, é aconselhável produzir novos canteiros a cada quatro ou cinco anos, fazendo rotação de culturas.

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