Uma Introdução ao Bambu
O bambu é uma planta estratégica com inúmeras possibilidades, podendo gerar renda e qualidade de vida para populações carentes em seu entorno. Pode ser usado na agricultura, arquitetura, arte, culinária, saúde, artesanato, móveis, decoração, paisagismo, produção de papel e bioenergia. Clique no link a seguir para ler nossa matéria sobre Colheita do Bambu. Nas linhas abaixo, uma introdução ao bambu, para aqueles que querem conhecer melhor essa planta multiuso.
De grande potencial, pode gerar centenas de bens de consumo. Uma moita de bambu produz colmos anualmente que podem ser cortados, tratados e processados de várias maneiras.
Sua utilização ancestral remonta milênios, especialmente no oriente onde existem construções externas feitas há séculos. É uma das matérias primas mais importantes em países como a Índia, China, Indonésia, Colômbia e Costa Rica.
Possui características estruturais que o qualificam como material de construção de rara utilidade e beleza para uso na arquitetura interior e exterior.
Muitas Vantagens
Sua relação resistência x peso é vantajosa em relação a madeira pois possui maior flexão que a maioria dos materiais utilizados para o mesmo fim. Construir com bambu pode baratear o custo de uma casa popular em até 50%, em relação à construção convencional feita a base de cimento, areia e tijolos. O padrão de qualidade da construção com bambu traz benefícios ambientais visíveis, agregando tecnologia às construções populares. Outra vantagem é que o bambu é um ótimo isolante térmico e acústico.
Pode ser utilizado como fonte de combustível e papel, na produção de etanol, além de produzir carvão de ótima qualidade. Planta de crescimento rápido, equilibra a emissão e absorção de gás carbônico. Isso faz do bambu uma opção melhor que a maioria das madeiras de reflorestamento como o eucalipto. Não precisa de replantio e produz colmos anualmente de forma permanente. Uma moita de bambu começa a produzir varas a partir do sexto ano, de forma progressiva. Produz também papel com mais celulose que a madeira e com a mesma qualidade.
Poderíamos escrever muitas páginas mostrando as qualidades comprovadas do bambu. Como introdução ao bambu, citaremos a frase poética – título do livro do colombiano Oscar Hidalgo-Lopez : Bamboo – The Gift Of the Gods.
Cultivando Bambu
O bambu é uma gramínea, existem cerca de 1200 espécies nativas de bambu em todo o mundo, alguns autores citam cerca de 2.000 espécies, boa parte no Brasil onde são pouco conhecidas e aproveitadas. Espécies mais comuns por aqui:
Bambusa vulgaris
Bambusa vulgaris vittata
Bambusa tuldoides
Dendrocalamus giganteus
Phyllostachys pubescens
Phyllostachys áurea
O bambu colombiano Guadua Angustifolia tem sido plantado no Brasil mas ainda não existem matas produtivas da espécie. Fizemos um laboratório com dois hectares na Chapada dos Veadeiros mas o seu desenvolvimento está se processando de forma lenta em relação as outras espécies. É o bambu mais facilmente replicável, produzindo grande quantidade de mudas a cada 3 ou 4 meses em viveiro, pela separação dos pequenos galhos com raízes.
Preparação Para o Plantio
Para o plantio do bambu é necessário adequação física do terreno, curvas de nível e planejamento das estradas de acesso. A correção do solo (calagem) deve ser feita, especialmente no cerrado, com adubação inicial e dependendo do solo, trimestral. A marcação de covas com espaçamento adequado a cada espécie. Coroamento para facilitar a adubação e irrigação e abertura de covas de 40 x 40cm ou mais, também de acordo com a espécie. Após o plantio, cobrir toda a área da coroa com uma grossa camada de palha, replantando quando necessário e administrando as formigas cortadeiras. A irrigação é fundamental na seca dos primeiros anos, bem como a limpeza com roçadas periódicas e quebra vento, quando necessário.
Dendrocalamus Giganteous precisa de no mínimo 5 metros entre plantas e 10 metros entre ruas. Já o Guadua e o Phyllostachys (bambu chinês alastrante mais conhecido como Mosso) pode ser plantado com 3 metros entre plantas e 5 metros entre ruas. A cultura para produção de celulose e papel (Bambusa Vulgaris, Vulgaris Vitata), requer maior densidade 1 m x 1 m, ou 2 m x 2 m. Essas medidas entre as linhas contínuas, deixando um espaço a cada 16 metros, para facilitar o manejo e o transporte.
Melhor desenvolvimento das espécies em solo arenoso e leve, de boa drenagem, profundo e de nível médio de fertilidade. A maioria das espécies são sensíveis à geada. Gostam de umidade, sem encharcar, para não provocar o apodrecimento dos rizomas. Deve ser plantado no início das chuvas e irrigado no período da seca em seus primeiros anos de vida.
Propagação
A propagação vegetativa pode ser feita por separações de colmos, rizomas ou galhos. A brotação ocorre a partir das gemas intactas, ainda não usadas pelo bambu. Elas são encontradas em bambus jovens, de até um ano. A separação de colmos é feita com gemas ainda dormentes. Essas gemas, que não se transformaram em galhos, nos colmos para transformá-las em novos rizomas. Indicada para gêneros tropicais como Bambusa e Dendrocalamus. O colmo deve ter até um ano de idade.
Outra técnica muito utilizada é o corte do colmo com dois entrenós, fazendo um furo no entrenó e enchendo de água. Tapar o buraco com uma bucha ou pano. Enterrar com as brotações orientadas para cima. O colmo inteiro pode ser enterrado e após a brotação os brotos podem ser transferidos para outro local. Essa técnica de reprodução funciona para os bambus entouceirantes (Bambusa Tuldóides, Vulgaris, Giganteous e outros). Não funciona para os bambus chineses alastrantes (Phyllostachys). A reprodução dos bambus alastrantes é feita com pedaços dos rizomas, que são colmos subterrâneos desses bambus.